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23 de Mai de 2021

Homilia: solenidade de Pentecostes

Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito...” (ICor 12, 3)

 

  O derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos leva à plenitude a mistério pascal, leva à plenitude a vida cristã. De modo que Pentecostes é a plenitude da santidade, a plenitude da vida em Deus. Desta mesma plenitude somos chamados a participar, como fiéis em Jesus Cristo, mediante a graça do batismo e do sacramento da crisma.

  Esta plenitude de vida e de fé, que nos é dada pelo Espírito Santo, nos comunica o conhecimento do verdadeiro Deus e nos une numa só fé, não obstante a diversidade das raças das línguas, da cultura, da classe social, da idade.

  O que nos une na mesma fé, na mesma caridade é um mesmo e único Espírito Santo. Em casa pessoa humana reside a diversidade, mas em cada crente reside também um princípio de unidade, de comunhão – o Espírito Santo. Como São Paulo repete na sua Primeira carta aos Coríntios: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito...” (ICor 12, 3).

 Porque nos foi dado o Espírito Santo podemos viver em comunhão, não obstante as nossas diferenças e particularidades. Assim sendo, nossa maior contribuição para o estabelecimento da comunhão entre os seres humanos é acolher o Espírito Santo com humildade, com o testemunho de uma vida santa e clamar pelo seu derramamento sobre os corações, sobre a Igreja e sobre o mundo.

  Ao nos dar o conhecimento do verdadeiro Deus o Espírito Santo nos liberta da escravidão dos ídolos, da escravidão do espírito mundano e das tentações do espírito do mal. Quem vem a conhecer o verdadeiro Deus, seu amor, sua misericórdia, sua bondade, sua graça, não se deixa mais atrair por aquilo que não é Deus e por aquilo que não vem de Deus.

  O Espírito Santo derramado sobre nós nos arranca da solidão, do anonimato, do isolamento, abrindo-nos à comunhão filial para com Deus e à comunhão fraterna com o próximo. Pois quem é habitado pelo o Espírito do Senhor não vive mais somente para si, concretizado o que São Paulo nos diz: “A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (ICor 12, 7).

  Movidos pelo Espírito Santo somos levados a empenhar-se na procura e na realização do bem comum na família, na Igreja e no mundo. O que exige a extirpação de toda e qualquer atitude que causa divisão, que oprime, que omite a verdade.

  O Espírito Santo nos arranca da ignorância acerca da nossa missão no mundo. Existimos para a glorificação de Deus e para a nossa santificação mediante o empenho em favor do bem comum. Que consiste no agir pela caridade.

  O Espírito Santo nos arranca, ainda, da ignorância acerca de Deus, de Jesus Cristo, do seu evangelho, do próximo e de nós mesmos. Revelando-nos que somos filhos de Deus, que podemos nos dirigir a Ele como Pai, que o próximo é meu irmão. Por isso, clamemos: “Vinde Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis como vossos dons!” Sobretudo, aqueles corações que estão aflitos, tristes, feridos pelo ódio, pela falta de fé, pelo medo, pelo sofrimento, pela angústia. Vinde Espírito Santo! Renovai a face endurecida ou ferida dos corações dos vossos fiéis!

 

Pe. Hélio Cordeiro