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Áderson Miranda da Silva

Áderson Miranda da Silva

O Seminário Maior de Brasília volta a celebrar Missas dominicais para a comunidade externa ao seminário a partir deste domingo, dia 10 de janeiro, às 10h da manhã. Assume a presidência das celebrações o novo padre reitor: Pe. Eduardo de Lima Peters. Todos somos convidados a participar. O seminário se encontra na SHIS QI 17 Lago Sul.

 

Sessenta anos de vida sacerdotal! Bodas de diamante! Sessenta anos de fidelidade, lutada, é verdade, mas protegido pela graça de Deus: chego a este topo agradecido pela fidelidade dAquele que me chamou, apesar de minhas muitas limitações.
Estou hoje aqui com vocês louvando o Senhor. Magnificando-o por estes anos todos que tenho vivido ao serviço da Igreja, muitos dos quais ao serviço da formação dos sacerdotes. Destes sessenta anos, mais da metade (33 anos), estive neste querido Seminário de Brasília, desde 1980 o abracei com o amor que Deus me reservava nesta “Terra de Santa Cruz”, quando meu provincial daqueles anos, o Pe. Dorris PSS, pediu-me para vir a Brasília.
Tem sido 35 anos, com uma interrupção de ano e meio (de junho de 1988 até janeiro de 1990, anos em que servi ao Seminário São Pedro Apóstolo em Cali na Colômbia). Não posso queixar-me de minha vivência aqui: desde os primeiros passos na língua de Camões, a “ última flor do Lácio inculta e bela”, como falou alguém. Aprendida no carinho e na dedicação de Dona Terezinha e seu esposo, Talharbas Martins, dos quais guardo maravilhosas lembranças. É verdade que minha fala não é clássica, sempre disse que não tenho o dom das línguas, porém, a generosidade deste povo querido sempre foi compreensiva: ”Dá para entender padre”. Até hoje misturando um pouco num portunhol, penso que ainda é inteligível.
Tenho acompanhado em parte, a totalidade do caminho de muitos sacerdotes desta Arquidiocese. Engatinhava ainda o seminário quando cheguei; inaugurado em 25 de março de mil novecentos setenta e seis, cheguei aqui começando seu quinto ano, segundo de teologia, em mil novecentos e oitenta.
Tenho visto chegar ao sacerdócio os alunos fundadores: dois para esta arquidiocese –  José Belo e Joaquim Benedito da Silva; Kincas para Rubiataba; e Tobias Feitosa para Vitoria da Conquista – os abandeirados de uma plêiade de jovens que amadureceram seus “Sim” e chegaram ao sacerdócio.
São bastantes mais de cento e cinquenta para Brasília, sua província eclesiástica, e outros de muitas outras dioceses. Posso ficar contente de poder oferecer hoje este belo feixe da colheita na seara do Senhor. Espero que pela generosa misericórdia do Senhor, possa entrar feliz e agradecido a gozar do seu reino preparado para os seus servidores.
Meu sacerdócio desenvolveu-se sob um lema tirado da Carta aos Efésios, (cap. 1, v. 14), mas chegado a mim através da leitura e meditação dos escritos de uma carmelita, que foi para mim uma guia espiritual desde que a conheci: a beata Elisabete da Trindade – Laudem gloriae – (No louvor de sua glória). A presença real e teológica do Deus Trindade, naquele que vive na graça (inhabitação) “Viremos a ele e faremos morada dentro dele”. Essa presença tem sido a minha companhia nos momentos de solidão e desânimo; é o incentivo a permanecer fiel no meu celibato, já que sou um templo onde moram o Pai, e o Filho, e o Espírito Santo.
E Maria, minha mãe, sempre foi a minha protetora: fui batizado a dois de fevereiro de 1931, que na época era a festividade de Nossa Senhora das Candeias. Fiz a primeira comunhão no dia 16 de julho, festa de Nossa Senhora do Carmo; fiz meus estudos no seminário de Nossa Senhora do Rosário de Manizales; recebi minha ordenação sacerdotal no dia 21 de novembro, festa da  companhia dos  Padres de são Sulpicio: a Apresentação de Nossa Senhora no templo; meu primeiro campo de apostolado foi o colégio diocesano de Nossa Senhora; a paróquia  da Imaculada Conceição de Salamina; o seminário menor de Nossa Senhora do Rosário; Pároco de Nossa Senhora do Sagrado Coração da Arquidiocese.
Não foi minha meta ser professor, mas o Senhor me colocou desde os primeiros anos neste serviço; nos quatro anos no Seminário Menor nasceu em mim a vocação sulpiciana. Depois de servir sete anos na minha arquidiocese, com a permissão do meu bispo, no ano 1962, fui aceito para fazer a experiência na Companhia dos Padres de São Sulpício. Viajei ao Canadá, e depois de fazer o que poderíamos chamar de noviciado, no mês de agosto de 1964, hoje faz cinqüenta e um anos que fui inscrito como membro da “Petite compagnie”. Nossa pequena sociedade, como as vezes a chamamos, cujo carisma é o de promover e ajudar na formação inicial e permanente do clero. Segundo a vontade de nosso fundador, o Pe. Jean Jacques Olier (1608 – 1657), que queria ajudar os bispos da França que ainda não tinham cristalizado a vontade do concilio de Trento com respeito à fundação dos seminários como lugares de formação do clero diocesano. No começo seriam 12, como os doze apóstolos; iam à diocese, solicitados pelo bispo; fundavam o seminário, e logo quando estava em boa função, o entregavam à direção do clero da diocese. Vendo os resultados, os bispos pediram que se deixassem os padres, que em colaboração com o clero da diocese, continuassem no seminário; assim, fomos obrigados a aumentar o número inicial dos membros da sociedade.
Estou falando demais; porém, quero sublinhar a festa da Apresentação de Nossa Senhora que celebramos hoje. Foi nosso fundador que, meditando este episódio na vida da Santíssima Virgem, viu nela um modelo para aqueles que, chamados ao sacerdócio, entravam no seminário para encher-se de Deus.
Agradeço a todas as pessoas que se fizeram presentes hoje nesta comemoração dos meus sessenta anos de vida sacerdotal:
Aos senhores bispos, ao senhor arcebispo Dom Sérgio, aos seus auxiliares, e a todos os outros ex-alunos desta casa que se fizeram presentes. Só o Senhor Deus pode lhes retribuir. Nas minhas orações, estarão sempre presentes.
Também agradeço aos sacerdotes que foram meus alunos, àqueles a quem ajudei na direção espiritual a “formar Cristo em vós”;
Aos seminaristas de nosso seminário, esperança da Igreja;
Aos amigos das Equipes de Nossa Senhora, especialmente minha querida Equipe quatro a quem tenho acompanhado durante mais de trinta anos e foram como a minha família.
Às comunidades Neo-catecumenais de quem tenho recebido muito espiritualmente.
A meus irmãos companheiros de trabalho, sulpicianos, assim como os do clero de nossa arquidiocese, que compartilhamos as horas de tensão e os triunfos de nossos alunos.
Não posso esquecer as irmãs da Sagrada Família de Maria, que tem dedicado parte de sua vida a nos servir com carinho e generosidade. Aos empregados desta casa que fazem possível nosso conforto.
Ao grupo Serra que dedicam sua vida à oração e ajuda às vocações, graças a eles visto hoje esta bela casula. 
A todas as pessoas, as que de alguma maneira me sinto ligado.
Não quero deixar ninguém fora de minhas orações de agradecimento:
Deus os abençoe a todos e cumule de suas graças. Espero que continuem a orar para que eu possa permanecer fiel até o fim.
Esta comemoração é compartilhada com as Bodas de Prata da ordenação do Padre reitor Pe. Marco Antônio Forero Reyes PSS. Sinto-me feliz de participar com ele desta comum celebração; estes últimos anos tem sido um amigo e, sobretudo, nele tenho tido um irmão, um filho que vela por meu bem estar. Obrigado Pe. Marco pelo seu serviço ao seminário de Brasília e pela sua sincera amizade.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Oscar Duque Estrada PSS, 60 anos de vida presbiteral.

Quarta, 09 Dezembro 2015 09:12

Semínario entra em período de férias

O Seminário Maior de Brasília entrou em seu período de férias no dia 04 de dezembro. Missas dominicais voltam a ser celebradas em fevereiro. As atividades dos seminaristas retornam em 2016, a partir do dia 08 de fevereiro. Este período, além de descanso, é um período de transição: os padres sulpicianos deixam a direção do seminário e D. Sérgio da Rocha deve anunciar oficialmente o novo reitor e a nova equipe de formadores ainda em dezembro.

Levo do Brasil a lembrança de uma Igreja viva; animada pelo Espírito; muito atuante, pastoral e espiritualmente, pelo seu povo e clero.

 

Pe. Marco Antonio Forero nasceu a 20 de Outubro de 1963, em Tunja, na capital do departamento de Boyacá, Colômbia. É o quarto de seus cinco irmãos: Luis Armando, Clara Ester, Maria Delia, Aura Genoveva (falecida no último dia quinze de novembro). Já mais tarde, recebeu um sexto irmão adotivo, Oscar Hernando. Seus pais, Lino Forero e Eleutéria Reyes, tinham origem simples, mas uma fé que foi testemunho e fermento para a sua vocação.

 

Seus pais Lino Forero e Eleutéria Reyes, por ocasião da ordenação presbiteral

 

A vida numa família muito piedosa, a participação na vida paroquial e o testemunho do Paróco Mons. Ignácio Avella alimentaram o seu chamado ao sacerdócio. Sentiu-se atraído por ser frade franciscano, mas o padre responsável pela pastoral vocacional o encaminhou para os diocesanos, muito embora sua devoção a São Francisco permaneça viva até hoje.

 

Família de Pe. Marco em sua ordenação diaconal em 1989. Da esquerda para a direita: a pequena Leidy, Maria Adelia, Lino, Luis Armando, Pe. Marco, Mons. Augusto, Aura, Eleutéria, Clara, Juan Carlos.



Durante o período do seminário de Filosofia em Tunja, serviu como missionário na diocese de Valledupar e cursou a Teologia no seminário da Arquidiocese de Tunja. Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na Basílica Menor Santiago de Tunja - Colômbia, pela oração consecratória do Monsenhor Augusto Trujillo Arango, Arcebispo de Tunja.

Logo após sua ordenação, assumiu, como vigário, a Paróquia Divino Salvador, em Toca – Boyacá, por dois anos. Nesse período, surge o convite do Padre Provincial Emilius Goulet para trabalhar como formador no seminário maior de São José, em Cúcuta, departamento de Norte de Santander, Colômbia. Permanece no seminário por dois anos. Ali, recebe o convite do provincial dos sulpicianos, Mons. Lionel Gendron, para fazer parte da Sociedade dos Padres de São Sulpício. É o próprio Dom Lionel quem solicita ao bispo a permissão para que Pe. Marco Forero possa iniciar o seu período de formação.

 

Fotos da sua ordenação presbiteral em 17 de novembro de 1990


Sua primeira missão como sulpiciano é no Instituto Paulo VI, em Londrina, no Paraná. Lá trabalha como diretor espiritual e professor, ao mesmo tempo, assume a reitoria do seminário propedêutico São José, também em Londrina.


Como reitor, Pe. Marco sente falta de participar da vida cotidiana de cada seminarista. Em sua função, não pode mais atender as suas direções espirituais, embora consiga participar mais ativamente no acompanhamento dos seminaristas junto ao bispo. Atualmente, muitos de seus antigos dirigidos já são sacerdotes.


Antes de chegar ao Seminário Maior Nossa Senhora de Fátima, passa por um período de um ano, no Canadá, trabalhando como formador no Seminário Saint Joseph em Edmonton. Além disso, colabora como administrador na Paróquia Our Lady of Guadalupe (comunidade de falantes de língua hispana), como pároco da Paróquia Our Lady of Fatima (para falantes de língua portuguesa), e como colaborador na paróquia húngara de Saint Emeric.


Desembarca em Brasília, no ano de 2007, para assumir a posição de diretor acadêmico do Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília Nossa Senhora de Fátima.  De 2010 a 2015, desempenha a função de reitor. Para ele, dói pedir a um seminarista que deixe o processo de formação, mas entende que é a luz do Espírito Santo que se utiliza dos padres formadores como mediadores entre o processo formativo e o sacerdócio. Sua maior alegria é carregar a cruz e poder desfrutar de seus frutos com uma alegria plena. Esses frutos são a recepção de ministérios dos candidatos às ordens sacras e mais diretamente as ordenações sacerdotais.


Neste ano de 2015, os padres sulpicianos deixam o comando do seminário maior de Brasília e, com isso, Pe. Marco Antonio dá início a um período sabático. Perguntado sobre o que ele leva do Brasil e de Brasília, responde que uma Igreja viva, animada pelo Espírito, muito atuante pastoral e espiritualmente pelo seu povo e clero.


Agradece as amizades construídas em Brasília, a generosidade do povo com o sacerdotes e nosso seminário. Além disso, do trabalho da equipe formativa e sua colegialidade. Também carrega a riqueza da cultura brasiliense, o coração dos moradores da cidade, e ainda mais amplamente, ter aprendido a ter um pouco da alegria e entusiamo dos brasileiros.

 

HISTÓRICO DOS VINTE E CINCO ANOS DE VIDA SACERDOTAL

 

Ordenação – 17 de novembro de 1990, na Basílica Menor Santiago de Tunja,  Colômbia.

1991 - 1992  Vigário paroquial da paróquia Divino Salvador, Toca - Boyaca.

1993 - 1995  Formador, diretor espiritual e professor, Seminário Maior St. Joseph Cucuta. (N.S)

1996 - 1997 Estudo do Francês em Montreal, Canadá. Formação em pedagogia, espiritualidade, história da Sociedade dos Padres de São Sulpício. Lyon, França e Montreal, Canadá. Estudo do idioma Inglês em Edmonton, Canadá.

1998 - 1999 Estudos de Teologia e Estudos Patrísticos em Roma "Instituto Agostiniano" Universidade Lateranense. Estudo da Psicologia da vocação. Instituto Rula, Universidade Gregoriana, Estudo do italiano, grego e latim.

2000 - 2001  Diretor Espiritual e professor do "Instituto Paulo VI" Londrina - Paraná - Brasil.  Reitor - Seminário Propedêutico São José "- Londrina - Paraná - Brasil. Estudo da língua portuguesa.

2001 - 2007  Diretor Espiritual - Professor - Seminário Saint Joseph - Newman Theological College - Edmonton Canadá. Administrador Paroquialda Paróquia Our Lady of Guadalupe (falantes língua hispana) - Edmonton - Canadá. Pároco da Paróquia Our Lady of Fátima (falantes de língua portuguesa) - Edmonton Canadá. Colaborador na Paróquia Húngara de Siant Emeric-  Edmonton Canadá.

2007 - 2010  Diretor Espiritual - Professor. Diretor Acadêmico - Seminário Arquidiocesano Brasília Maior "Nossa Senhora de Fátima" - Brasília - Brasil.

2010 - 2015  Reitor - Seminário Arquidiocesano Brasília Maior "Nossa Senhora de Fátima" Brasília.

 

Por, Áderson Miranda, seminarista, 1º ano de filosofia.

 

Aprendi a me doar aos outros, numa fidelidade lutada


Colombiano, Sulpiciano, e (não faz muito tempo) naturalizado brasileiro, José Oscar Duque Estrada – mais conhecido como o Pe. Oscar – tem sua história sacerdotal confundida com seu papel de padre formador no Seminário Maior de Brasília. De vocação muito precoce, formou inúmeros padres de Brasília e de dioceses vizinhas, inclusive bispos. Tantos foram seus dirigidos espirituais que não consegue contar quantos já passaram por suas mãos. Pe. Oscar completa seu jubileu de diamante (sessenta anos) de vida presbiteral em novembro de 2015 e, para homenagear este sacerdote, tão caro ao clero de Brasília, gostaria de partilhar um pouco de sua bela história de vida e entrega a Deus, confidenciada em entrevista no Seminário Maior.

 

Em sentido horário a partir do topo: 1. Pe. Oscar em 1931, ano de seu nascimento. 2. A mãe e o filho em uma cadeira de balanço. 3. Os pais Rafael e Maria Estrada.


Oscar nasceu em Aguadas, Colômbia, a 27 de janeiro de 1931. Seu nome foi escolhido em homenagem a um amigo alemão de seu pai. Posteriormente, no batismo, o padre acrescentou o prenome José, pois acreditava que Oscar era o nome de um perseguidor da Igreja. Mais adiante, quando Pe. Oscar se tornar professor de história da Igreja, não encontrará nenhum perseguidor que fosse seu homônimo, e se apresentará apenas com o nome que seus pais lhe deram. Rafael e Maria Estrada, seus pais, construíram uma sólida família de seis filhos: o primogênito Oscar, Maria Helena, Diego, Jorge (falecido), Nestor, e a caçula Lucía.


Em 1937, com apenas 6 anos, perdeu o pai, vítima de tifo. A mãe assumiu a chefia da família, tornando-se o ponto de unidade do lar. Dona Maria sustentou os filhos com seu trabalho de costureira, e foi ajudada pela avó e uma tia de Oscar. Essa circunstância permitiu que ele e seus irmãos tivessem a infância rodeada por mulheres fortes. Isso só reforçou em sua mãe o zelo pela formação dos homens de sua casa: Um homem não faz jarra, dizia ela ao perceber que algum filho colocava as duas mãos na cintura.

Em sentido horário: 1. Cópia da certidão de Batismo. 2. Em sua primeira comunhão com os irmãos (da esquerda para a direita: Nestor, Helena, Lucía, Oscar, Diego, a prima Nanci, Jorge. De pé, está a babá com a prima Cristina no colo). 3. Aos 12 anos, indo para o seminário Menor. 4. Conjunto de presentes ganhados depois da sua primeira comunhão para poder celebrar missas (eles os possui até hoje).


A ligação com o Sagrado surgiu muito precocemente. Sua mãe contava que, mesmo muito pequeno, pegava um santinho, segurava-o com as duas mãos e saía em procissão pela casa entoando: Sancta Maria sancta pro nobis... (sic). Quando perguntado a respeito do desejo de ser padre, o pequeno Oscar não titubeia em dizer que esse desejo nascera antes mesmo dele começar a brincar de celebrar a Missa – as hóstias eram feitas de pequenas rodelas de banana. A mãe, sempre apoiando o filho, fizera uma batina e uma sobrepeliz para que “celebrasse” para seus irmãos e vizinhos.


O gosto pela vida sacerdotal só cresceu e, em virtude da sua primeira Eucaristia, recebeu de presente um conjunto de brinquedos que imitava os objetos litúrgicos para celebrar a Missa (ver foto). Sua vocação amadureceu e, ainda aos 12 anos de idade, ingressou no seminário menor em Manizales. Foi ali que Pe. Oscar começou sua longa jornada sacerdotal, quer o traria até Brasília e ao seu jubileu de diamante de ordenação.

Celebrando a Santa Missa no seminário Menor de Manizales. Abaixo, com um jovem seminarista de Manizales, no seminário Menor.


Ainda em Manizales, entra no seminário maior. Foi lá, em 1949, que teve seu primeiro contato com a Companhia dos Padres de São Sulpício. Lembra-se Pe. Oscar que, durante os anos de formação, um grande amigo deixara o seminário, o que o fez sofrer com muitas lágrimas. Essa dolorosa experiência permitiu que entendesse o coração de seus futuros dirigidos, que perdiam diversos amigos no seu processo de discernimento vocacional, e que os caminhos de Deus conduziam por paragens não conhecidas.

Em sentido horário, a partir do canto superior esquerdo: 1. A mãe o levando para sua primeira Missa; 2. Foto da lembrança da sua primeira Missa; 3. Celebração da primeira Missa ainda no rito tridentino; 4. Dando a benção a sua mãe pela 1ª Missa.


Foi ordenado sacerdote no dia 21 de novembro de 1955, pela imposição das mãos de D. Luis Concha Córdoba, bispo de Manizales – depois, futuro Arcebispo de Bogotá e Cardeal Primaz da Colômbia. Sua primeira Missa foi o momento mais alegre de sua vida: o que antes era só uma brincadeira de criança, tornou-se presença viva do sacrifício de Cristo diante do Pai. Foi levado por sua mãe, radiante de felicidade, até a Igreja. O seu sacrifício se unia ao de Cristo e, dali em diante, nunca mais estaria só. Da sua turma original de seminaristas, apenas um se encontra vivo: Pe. José Cardona, que até hoje está na cidade colombiana de Manizales.


Pe. Oscar nunca pensou em ser padre formador. Desde a infância, pensava em ser um simples padre de paróquia, mas a Providência de Deus foi conduzindo-o a um novo caminho, a um novo chamado dentro da vocação sacerdotal. Em seus sete primeiros anos como padre, deu aulas no colégio diocesano de Nossa Senhora, tornou-se vigário de uma paróquia e retornou ao colégio, terminando por ser formador do seminário menor por quatro anos. Em todos esses sete anos, nunca deixou de dar aulas, e isso lhe é motivo de inquietação em relação à Companhia dos Padres de São Sulpício. Conversou com o reitor do Seminário Menor de Manizales, também sulpiciano, e, recebendo a devida dispensa do bispo diocesano, viajou ao Canadá para ser iniciado na formação da sociedade.


Em 1962, chegou a Montreal para os dois anos de formação de São Sulpício. A imagem de Pe. Oscar esquiando no rigoroso inverno canadense só contrasta com o pé torcido, o que ocorreu depois de um acidente de esqui. É o bom humor que o guia, e o ajuda até hoje em sua missão. No ano de 1964, foi oficialmente inscrito na Companhia dos Padres de São Sulpício, comunidade em que ele se sente realizado, onde passou a exercer sua vocação de professor e formador de padres. Viajou para Roma, onde, por três anos, realizou o curso de licenciatura em história da Igreja.

 

Março de 1963, período de formação de São Sulpício


O período em Roma foi muito rico de experiências. Por ter feito o curso licenciatura em História da Igreja justamente durante o período do Concílio Vaticano II, pôde observar o frescor do Espírito na Igreja. Pe. Oscar se diz um grande admirador de Paulo VI, sobretudo pelo seu espírito firme com que conduziu o concílio. Os padres estudantes da Universidade Gregoriana de Roma – conta, em tom de brincadeira –começaram a deixar a batina e passam a combinar cores. Nota que, antes, cada sacerdote celebrava sua Missa privada nos altares laterais das Igrejas, e que passaram a celebrar uma única Missa concelebrada por outros padres. Além disso, o uso do vernáculo nas celebrações o deixou muito contente. Ao fim de sua formação, retornou para sua terra natal.

Em sentido horário, a partir do canto superior esquerdo: 1. Em Atenas, Grécia; 2. Em 1973, Colômbia; 3. e 4. Período de estudos em Roma.

 

Encontro com o Papa Paulo VI em Roma. Encontro com São João Paulo II, em Brasília.

 

A família Estrada reunida após o retorno de Pe. Oscar de seu período de estudos em Roma, no ano de 1974. Da esquerda para a direita: Nestor, Lucía, Jorge, a mãe Maria, Pe. Oscar, Helena e Diego.


No período que antecedia sua decisão por São Sulpício, a cidade de Brasília começava a ser construída. Em breve, a história da futura Arquidiocese de Brasília e de Pe. Oscar vão se cruzar para sempre.  Em 1980, quando o provincial regressou da nova capital sul-americana e do Seminário Maior de Fátima, pelo qual os padres sulpicianos já eram responsáveis, disse-lhe que estavam precisando de um professor com nome próprio. O nome era Oscar. Sua maior preocupação era a reação de sua mãe, que iria ficar muito distante do filho. Em conversa com ela, acolheu o seu pedido: prometo não me intrometer nas suas coisas, mas peço que escrevas para mim. Com o acordo de seu diretor espiritual e a benção da mãe, chega ao seminário de Brasília no ano de 1980.
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1º Período como formador no Seminário Maior de Brasília. Em sentido horário, a partir do canto superior esquerdo. 1. Em sua sala, no ano de 1983; 2. Como ator, no teatro produzido pelos seminaristas; 3. Aniversário de Pe. Gregório PSS (Pode se identificar Pe. Josias, Pe. Gustavo PSS, Pe. Oscar, Dom Marcony, Pe. Evandro (agachado), Pe. Hélio (agachado atrás da grade), de pé o antigo provincial dos sulpicianos); 4. Diante dos antigos corredores do seminário; 5. Bolo de despedida, em 1988, cortando o bolo junto com Pe. Wilson; 5. Carta de homenagem na sua partida.

 

Despedida de padre Oscar em 1988. Podemos observar a presença de três bispos e diversos padres do clero de Brasília.


Pe. Oscar se sente brasileiro e brasiliense, com mais de 33 anos de padre só em Brasília. D. José Aparecido, bispo auxiliar de Brasília, afirma: Pe. Oscar é sulpiciano, mas ele também é nosso. Não muito dado a viagens, Pe. Oscar admira a beleza da capital de Niemeyer, da qual ele falava muito antes de pensar em viver aqui em suas aulas de Geografia na Colômbia.

 
Seu período como formador no Brasil só foi interrompido por três anos, em 1988, onde retornou a Colômbia (Cali), a pedido do bispo, para ocupar o lugar de professor de história sacerdote que precisou ir estudar fora. Essa despedida é registrada em fotos, que são verdadeiras relíquias. Diversos padres que hoje estão na Arquidiocese estão representados nestes retratos.

Em sua biografia pergunto se teve crises e se gostaria de partilhar alguma. Responde que, ao completar dez anos de sacerdócio, teve uma forte crise, e o modo que a Providência de Deus usou para sustentá-lo foi outro padre, seu amigo. Questiono de que forma isso poderia tê-lo ajudado. Responde objetivamente: ele me ouviu e me apoiou, e isso foi suficiente. Também pergunto o que sente quando um dirigido seminarista ou sacerdote deixa a vocação. Sua resposta me emociona:

Tristeza; muitos me arrancam até lágrimas, pois tínhamos tanta esperança. Não tenho um sentimento de frustação, pois sei que demos tudo o foi necessário como formadores. O sentimento é o mesmo que o de perder um tesouro.

 

Despedida em 1988.

 


A maior perda nestes sessenta anos de sacerdócio foi o falecimento da mãe, Maria Estrada. Visitou-a quando já estava muito doente e, quando de seu sepultamento, já havia retornado ao Brasil. A mulher da vida do padre é a mãe, e foi minha mãe que me incentivou a ir ao seminário.  Depois da perda, continua a receber o carinho de suas irmãs e irmãos. Fala com eles toda semana, até hoje, por telefone. Esse carinho e afeto recebido no berço familiar se manifesta aos seus dirigidos espirituais, especialmente na forma paterna e afetiva que os abraça.


Para encerrar nossa conversa, peço ao padre algumas reflexões sobre sua vida, sobre as graças realizadas e suas expectativas para o futuro. É assim que responde: Sempre há uma entrega e um serviço. Aprendi a viver para os outros, numa fidelidade lutada. Hoje, tenho mais serenidade diante das perdas. Percebo que nos momentos de solidão, a exemplo da Beata Elizabeth da Trindade, que Deus Trino habita em mim. Desejo, da mesma maneira que ela, ser um louvor de glória. Algo que não posso deixar de citar é a presença da Virgem Maria, a Imaculada Conceição, em minha vida. Ela sempre esteve presente em tudo, conduzindo tudo – fui batizado no dia de Nossa Senhora das Candeias, fiz Primeira Comunhão também num dia dedicado a ela, trabalhei em seminários, paróquias, todos dedicados à Mãe de Deus. Sou um privilegiado. Ao conversar com o padre, me emociono em diversos momentos – por serem respostas simples, mas repletas de significado. Diria que, mais que privilegiado, ele é um filho predileto da Mãe de Deus, pois a missão do padre é dar Jesus ao mundo. Com isso, Pe. Oscar Duque, PSS, completa: para o futuro, desejo rezar em primeiro lugar, e ler meus livros e... não quero viajar muito (risos).


Áderson Miranda da Silva, seminarista, 1º ano de Filosofia

Agradeço, de modo particular, o carinho de Pe. Oscar em partilhar sua história e a gentileza em ceder suas fotos pessoais. Por fim, sou imensamente grato a Deus por tê-lo visto feliz e emocionado com o trabalho final.

 Clicando na mídia abaixo, você será direcionado para um álbum com mais fotos pessoais de Pe. Oscar.

Na manhã deste sábado (14), em solene celebração eucarística foram instituídos leitores da Santa Madre Igreja os seminaristas: Alan Régis, Ângelo Fonseca, Guilherme Rangel, José Eudes, Renato Toledo e Wilker Lima; o seminarista Rafael da Silva Costa recebeu o ministério de acólito pelas mãos do Exmo. Sr. bispo auxiliar de Brasília, Dom José Aparecido, que presidiu a celebração. Estiveram concelebrando os padres formadores e o Pe. Wilkie Bandeira Claret. Os familiares presentes junto com toda a comunidade partilharam de um momento festivo após a celebração. Os novos leitores e o novo acólito contam com as nossas orações para que sejam fiéis ao chamado do caminho vocacional.

Sexta, 13 Novembro 2015 00:52

Despedida dos diáconos ordenados em 2015

A celebração eucarística da tarde de 13 de novembro foi em clima de despedida para os diáconos da turma do quarto ano de teologia. De agora em diante, deixam o seminário para assumir de forma mais intensa a sua vocação clerical. São eles: o diácono Paulo Roberto, o diácono Jota Júnior, o diácono Caio Biachi, o diácono Remilson Rocha, o diácono Paulo Rogério, o diácono Marcelo Lima e o diácono Marcus Venicius. Presidiu a celebração eucarística o Rev. Provincial dos Sulpicianos, Pe. Jacques Darcy PSS, e concelebraram todos os padres formadores.

Todos somos chamados a ser discípulos missionários de Jesus. Assim nos exorta o Documento de Aparecida. Discípulo significa "aprendiz", aquele que aprende com o Mestre. Missionário significa "enviado" no sentido de missão, ou seja, é aquele que põe em prática o que aprendeu; aquele que serve a todos que estão ao seu redor. Isso me impulsionou, no ano passado, a aceitar o convite para fazer parte do COMISE (Conselho Missionário de Seminaristas), que a seguir descreverei para um maior esclarecimento do que se trata este Conselho Missionário. Neste ano, assumi a coordenação, mesmo sem muita experiência, pois até então só havia participado de uma Formise (Formação Missionária de Seminaristas).


O Conselho Missionário de Seminaristas


O COMISE está ligado à Pontifícia União Missionária – obra fundada pelo Bem-aventurado Padre Paulo Manna, em 1916, e declarada Pontifícia pelo Papa Pio XII em 1956. O objetivo do COMISE é proporcionar aos futuros presbíteros e candidatos à Vida Religiosa Consagrada uma sólida espiritualidade e formação missionária capaz de enfrentar os desafios da missão universal da Igreja. A existência do COMISE se fundamenta em documentos da Igreja.

Várias são as atividades do Conselho Missionário, mas as principais são: encontros periódicos para refletir e estudar temas de espiritualidade e formação missionária, participar de cursos, formações (Formise), eventos e congressos missionários, organizar o Cofrinho Missionário para oferta pessoal e comunitária como fruto de pequenos sacrifícios livremente assumidos, realizar no Seminário a Campanha Missionária do mês de outubro, com a Novena e a coleta do Dia Mundial das Missões e preparar encontros com missionários para troca de partilha e momentos de reflexão sobre a missão. O COMISE pode ser organizado no âmbito do seminário, aqui é o nosso caso, também de Diocese, Província Eclesiástica ou Regional. A coordenação do Conselho Missionário é composta pelo coordenador, vice-coordenador, secretário, tesoureiro e assessor de comunicação.

Tenho buscado com afinco e esperança desempenhar a tarefa de coordenar o COMISE do Seminário Maior de Brasília. Cabe à coordenação garantir o funcionamento do Conselho Missionário, preparar as reuniões e atividades e zelar pelo cumprimento da programação anual. Para acompanhar a caminhada do COMISE, dispomos de um assessor, aqui em nosso caso, o Magnífico Reitor Padre Marco Forero, PSS, que durante este ano foi um grande incentivador e deu suporte em todas as atividades realizadas.

Durante este meu primeiro ano de Coordenação, tive a graça de participar do 2º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas, e lá depois de muitas reflexões, partilhas e apontamentos por parte dos leigos, seminaristas, religiosos, padres e bispos chegamos à conclusão da necessidade de uma Comissão Nacional de Organização e Articulação de COMISE’s. Esta proposta foi aceita pela diretoria das Pontifícias Obras Missionárias e após reunião com os coordenadores de COMISE’s de todo Brasil, recebi o encargo de Secretário Nacional desta Comissão, bem como o de ser o Coordenador Referencial da Macrorregião Centro-Oeste e do Regional Centro-Oeste. O principal objetivo da Comissão Nacional dos COMISE’s é motivar a criação e articulação de COMISEs nos seminários diocesanos e religiosos, buscando apoio dos reitores, formadores de seminários e casas religiosas, bem como dos bispos. Como secretário desta Comissão, tenho buscado desenvolver as tarefas com muito zelo, simplicidade, compromisso e com o coração cheio de fé e esperança no Senhor que chama e envia para o serviço da Evangelização, pois bem afirma o Papa Bento XVI: “O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente se não se evangeliza”.


A vida missionária


Não são tarefas fáceis para quem a menos de um ano ingressou no  COMISE, porém não é impossível. Sinto a obrigação de dispor em favor do projeto missionário de Jesus toda minha vida e vocação, pois cada pessoa que tem a graça de fazer a experiência pessoal de ser amada por Deus, sente um impulso a propagar a Boa Nova. Não há experiência de chamado sem missão. É do coração do Pai que nasce o autentico missionário, uma vez que a iniciativa da missão é do Pai. Ele envia seu Filho que, por sua vez, nos envia sob o amparo do Espírito Santo. “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19). É da própria vida e prática de Jesus que nos alimentamos quando assumimos o desafio missionário. Ele veio para ser próximo dos pobres, dos pequenos, dos excluídos. Seu sonho é que nós também aprendêssemos a nos fazer próximos um dos outros.

É necessário que a cada dia eu me alimente de Cristo e dEle viva, para que, também a cada dia, possa anunciá-lo ao outro. Toda missão verdadeira começa dentro de mim mesmo, do meu relacionamento com Deus, do meu amor com Deus, da minha intimidade com Ele. Diante dessa experiência mística com Deus, sou capaz de sair de mim mesmo e ir ao encontro do próximo.

Esse desejo de servir precisa ser cultivado a cada dia durante meu itinerário formativo, para que eu possa ser um verdadeiro discípulo missionário no meu futuro Ministério Sacerdotal, recordando que não serei padre para satisfazer minhas vontades, nem me prender a uma única realidade, mas sim apresentar uma abertura para pregar o Evangelho a todas as partes do mundo como reza o Bispo na ordenação sacerdotal no Rito de Imposição das Mãos e Oração Consecratória: “...para que as palavras do Evangelho, caindo nos corações humanos através de sua pregação, possam dar muitos frutos e chegar até os confins da terra...Esteja ele sempre unido a nós, Senhor, para implorar a vossa misericórdia em favor do povo a ele confiado e em favor de todo o mundo”.

Que em nossos corações possa crescer o ardor missionário como se dava no coração da Padroeira das Missões Santa Teresinha do Menino Jesus: “Mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria bastante. Quisera anunciar, ao mesmo tempo, o Evangelho pelas cinco partes do mundo até as ilhas mais remotas...”; e ainda o desejo de sair sem medo para servir como São Francisco Xavier, este grande santo missionário que entrou no Céu com quarenta e seis anos, e percorreu grandes distâncias para anunciar o Evangelho, tanto assim que se colocássemos em uma linha suas viagens, daríamos três vezes a volta na Terra. São Francisco Xavier, com dez anos de apostolado, tornou-se merecidamente o Patrono Universal das Missões ao lado de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Se cada um de nós batizados tivermos a consciência de que o Senhor nos acompanha, a nossa missão não será estorvada por nenhuma dificuldade. Com a graça e a ajuda do Espírito Santo, que guia e fortalece a Igreja, nós poderemos, apesar das dificuldades, continuar o anúncio do Cristo. E sair de nós mesmos e servir sem medo, pois muitas vezes podemos nos acomodar e pensar que a missão é algo distante de nossa realidade e não cabe a nós diocesanos. É preciso uma “Igreja em saída”, como nos pede o Santo Padre, o Papa Francisco. Santo Agostinho ensina: “O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página”; logo precisamos sair do comodismo e servir a todos como Jesus serviu. E que o Senhor Onipotente e Criador do Universo por intercessão dos patronos da missão nos abençoe e nos dê a força de anunciar o Seu Filho, que é O mesmo ontem, hoje, amanhã e pelos séculos dos séculos.

Por Carlos Neves, seminarista, Diocese de Formosa.

Sexta, 30 Outubro 2015 08:58

Homilia: Solenidade de Todos os Santos

“Alegrai-vos e exultai. Porque é grande a vossa recompensa nos céus”

Hoje, o nosso caminho se faz a partir da Palavra ouvida e celebrada, caminho seguido pelos discípulos de Jesus e que leva à gloria dos céus, onde uma multidão de irmãos nos permite celebrar a festa de Todos os Santos, esta celebração que nos reconforta na nossa caminhada espiritual.

Celebramos o Mistério pascal de Cristo exaltado nos seus santos que sofreram mas que foram ao mesmo tempo glorificados. Todos eles são exemplos dignos de ser seguidos, como aqueles que já foram inscritos no livro da vida (Ap 20,12).

Bem-aventurados! Proclamando esta mensagem inaudita, deslumbrante com as suas exigências, Jesus nos entrega hoje sua fotografia, ele que viveu as bem-aventuranças em plenitude. Ele é o nosso verdadeiro mestre em santidade, nosso modelo e nosso caminho. Pelo batismo nós temos mergulhado nesta Páscoa, mistério de morte e de ressurreição. Todos os eleitos devem passar por esta provação: “Lavar suas vestes e ser purificados no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).

O caminho das beatitudes se apresenta de forma dura, às vezes rude, mas o Ressuscitado nos treina para o seu seguimento. Ele nos segura para nos conduzir lá onde mesmo nós não pensávamos e não queríamos ir por nós mesmos. É a sua força que mantém toda a nossa vida e faz crescer em todos o desejo da santidade, pois nós todos fomos feitos para isso. 

Uma santidade não pode ser conquistada à força, mas recebida do Pai, pelo seu Filho como o maior e mais belo presente. A contemplação da santidade de todos os eleitos nos revela hoje a beleza do projeto de Deus sobre a humanidade, a diversidade dos Dons do Espírito e as diversas respostas humanas a estes dons. 

Na oração que segue ao Pai Nosso, o sacerdote diz: “Enquanto vivendo a esperança, aguardamos a vinda de Cristo Salvador”. No latim “Expectamos beatam Spem”; esta é também uma citação da Carta a Tito: “Nós esperamos a bem-aventurada esperança”. (Tito 2, 13).

Caminhemos então na esperança do seguimento das pegadas de Cristo, apoiados pela oração e o exemplo dos santos que a liturgia nos apresenta dia após dia. Avancemos alegres até o dia onde nós poderemos gozar a plenitude dos frutos da vida. Nós faremos parte da roda (Ronda) dos bem-aventurados, expressado assim maravilhosamente pelo Frei Angélico. 

Junto com Maria, ela que é a nossa bem-aventurada esperança. 

Pe. Marco Antonio Forero. PSS.

 

Quinta, 29 Outubro 2015 09:35

Homilia: 30º Domingo do Tempo Comum

Mestre que eu veja” Mc 10, 51

Todos nós somos um tanto cegos à beira do caminho, muitas vezes dependentes da ajuda e dos favores dos outros. Hoje, podemos considerar-nos pobres mendigos da misericórdia e da bondade de Deus, mas sempre contando com a nossa fé. “Coragem Levanta-te Jesus te chama. O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus”. (Mc 10,49)

Na verdade, vivemos cegos por nossos próprios padrões e alienamos o projeto do Messias, de Jesus. Ainda não podemos ver direto quem é esse Jesus que passa pela nossa vida. Seguimos a um Jesus fabricado pelos nossos interesses e conveniências, e isso nos indica que temos muito orgulho e autossuficiência. Se escutamos Jesus à beira do nosso caminho, digamos-lhe verdadeiramente do fundo do nosso coração: “Jesus tem piedade de mim...mestre, faça que eu veja”. (Mc 10, 51)

Na nossa celebração, contemplemos que quando a multidão se move em desordem, a foco central está sobre a nossa personagem, que não é considerada importante, mas que Jesus hoje faz que ele viva uma vida diferente, mesmo sem que ele o perceba. Bartimeu tinha escutado falar de Jesus, mas jamais O tinha visto. Ele está tão seguro que Jesus pode salvá-lo que sua oração se transforma num grito de clamor; alguns querem calá-lo, mas ele grita ainda mais forte.

Quando acreditamos verdadeiramente em Jesus, nada pode ocultar a nossa oração, ainda mais, quando brota do fundo do nosso coração. Nós vivemos num mundo ensurdecedor e de muitas turbulências, distraído, aturdido, que tenta bloquear todo esforço do homem que procura se voltar para Deus e que procura o seu auxilio. Somos de um mundo diferente do mundo em que vivem os pobres e os simples no meio das suas misérias. Para eles é suficiente voltar os olhos para o céu, mas quando nos aproximamos das grandes cidades, temos que gritar mais forte para Deus, como o cego Bartimeu.

Hoje, verdadeiramente podemos afirmar que tudo é possível para aquele que acredita. A oração toma formas e acentos diferentes, segundo as próprias circunstâncias, mas o mais importante é saber que Jesus passa perto de nós, que Ele nos chama novamente, nos diz novamente e nos questiona: “que queres que eu faça por ti? (Mc 10, 51) e a resposta é sempre a mesma: “vai, Tua fé te salvou”.

Pe. Marco Antonio Forero. PSS.

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