Formação

23 de Setembro de 2015

Homilia: 26º Domingo do Tempo Comum

“Se tua mão te leva a pecar, corta-a” Mc 40, 43

As tendências um tanto exclusivistas poderiam ser um pecado das comunidades cristãs de hoje? Como as atitudes do Antigo Testamento, no tempo de Moisés, como no tempo dos discípulos: existe a tentação de impedir que alguém tenha sucesso no bem que faz? Jesus vem com sua mensagem e tira os padrões humanos de apegos exclusivistas: "Jesus os repreendeu dizendo: Não os proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor". (Mc 9,39-40).

Na primeira leitura, tirada do livro dos Números, descobrimos a graça do Espírito dada a Moisés e aos setenta anciãos. As palavras de Moises nos abrem ao desejo do Espírito para todo o povo: "Quem dera que o povo do Senhor fora profeta e tivesse o Espírito do Senhor" (Num 11, 29). Por isso o salmo nos convida a entender: "A lei do Senhor é perfeita, alegria do coração", que entra na dinâmica da segunda leitura, a reclamação da justiça e do direito por parte dos poderosos, chamados pela Sagrada Escritura de ricos. Concluímos a Liturgia da Palavra deste dia com as exigências da radicalidade do Evangelho, nas exigências do seguimento de Cristo.

O itinerário de Jesus até Jerusalém está semeado de ensinos e recomendações. Eles formam uma espécie de manual catequético, permitindo aos discípulos experimentarem constantemente a solidez da sua fé que está nascendo e que com a ajuda do mestre, se fortalece e cresce. A questão colocada entre os discípulos é a seguinte: "Nós temos visto alguns expulsarem demônios e nós os proibimos, porque não nos seguem" (Mc 9, 38). Isso traduz o formalismo rígido interior de quem nós gostaríamos, do mesmo modo que os discípulos expressam atitudes de “manter preso o Espírito”, de tirar a liberdade do Espírito que sopra onde Ele quer.

Nós que somos cristãos, não podemos nos considerar os únicos mestres da salvação, que é um dom de Cristo. Aquelas que são as nossas responsabilidades ou modalidades de vida, maneiras de viver no seio da Igreja e no nosso viver cotidiano, podem fazer presente o pensamento e a pessoa de Cristo para os outros, como para nós mesmos, no referente ao testemunho, palavras, gestos e atos.

Cientes que o Dom de Cristo e a graça do Espírito são gratuitos, estamos convidados a fazer todo o esforço para valorizar tudo o que nos é dado no mundo, para deixar entender a experiência redentora. Só Cristo pode nos dar uma resposta de convicção às inquietações que habitam o coração do homem. Só Cristo pode enviar o Espírito Santo para esclarecer e dar a paz a cada pessoa.

Nosso desejo mais profundo deve responder àquele de Moisés quando escreve: “Quem dera que o povo do Senhor fora profeta e tivesse o Espírito do Senhor” (Num 11, 29).

Que Maria nos ensine claramente esta docilidade ao Espirito. “Faça-se”, segundo a tua Palavra.

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