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30 de Mai de 2021

Homilia: Solenidade da Santíssima Trindade

Deus é Trindade na Unidade

 

  Deus é Uno e Trino, não porque nós queremos, mas porque assim Ele no-lo revelou. Por ser Trindade Deus é consequentemente uma comunhão de pessoas, unidas numa mesma e única natureza divina: O Pai, gerador do Filho; o Filho, gerado pelo Pai e o Espírito Santo que, “procede do Pai e do Filho”.

  Na experiência do Povo de Israel há um conhecimento mais estabelecido acerca do Pai e um conhecimento ainda vago do Espírito Santo. Quanto ao conhecimento do Filho, este é revelado com a encarnação, até a sua ascensão aos céus. É o Pai quem revela o Filho ao mundo: “Este é o meu Filho, o Eleito; ouvi-o” (Lc 9, 35).

   Por sua vez o Filho nos revela quem é o Pai: “Eu e o Pai somos um...Quem me vê, vê o Pai” (Jo 10, 30; 14, 9). E nos envia o Espírito Santo: “...é de vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se eu for, enviá-lo-ei a vós” (Jo 16, 7). Assim, em Jesus Cristo conhecemos o Deus vivo e verdadeiro. Já não estamos mais sujeitos à idolatria, que confunde Deus com suas criaturas. Ou melhor, que transformam as criaturas em deuses.

   Não estamos mais na ignorância acerca de quem é Deus, nem de quem somos. Deus é Uno e Trino; Pai, Filho e Espírito Santo. Deus é comunhão de pessoas. Em nome do qual recebemos o batismo, a graça da filiação divina, que nos faz filhos adotivos de Deus, herdeiros com Jesus Cristo, irmãos entre nós, membros da família de Deus – a Igreja.

    Não é por acaso que, antes da sua ascensão aos céus, Jesus envia os seus discípulos: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” (Mt 28, 19-20).

    É do Pai que o Filho recebe toda autoridade sobre a criação. Esta mesma autoridade Ele a comunica aos seus apóstolos, que é continuada no ministério dos pastores da Igreja. Autoridade para fazer novos discípulos em todos os tempos e em todas as nações, através do batismo, que nos insere na comunhão trinitária. Da qual esperamos participar plenamente na glória dos céus.

    O Senhor confiou também aos seus discípulos a autoridade de ensinar o que Ele ordenou: o mandamento novo do amor, a comunhão, a misericórdia, a graça, a conversão, o arrependimento, o perdão dos pecados, ao culto ao Deus vivo e verdadeiro. De modo que a Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica, que peregrina sobre esta terra, tem sua origem na Trindade, é sustentada por Ele, e para Ela caminha.

    A Igreja não ensina, pois, uma doutrina humana, uma filosofia, uma teoria religiosa. A Igreja ensina o Pai, Cristo, o Espírito Santo – A Trindade. Ao ensinar-nos o Pai, a Igreja nos ajuda a crescer na consciência da filiação divina. Ao nos ensinar o Filho, a Igreja nos ensina o único caminho da salvação e da comunhão fraterna. Ao nos ensinar o Espírito Santo, ela nos ensina que somos templos vivos do Senhor.

    Portanto, a doutrina que a Igreja ensina não é sua. A Igreja é depositária daquilo que Deus lhe comunicou através do Seu Filho e continua a explicitar através do Seu Espírito. Como Jesus dizia: “Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jo 7, 16). O mesmo a Igreja precisa afirmar sempre, “minha doutrina não é minha”. A doutrina que a Igreja prega é salvadora, porque vem de Deus, não dos homens. Doutrina humana alguma pode nos trazer salvação.

 

Pe. Hélio Cordeiro

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