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17 de Dezembro de 2021

Homilia: IV Domingo do Tempo Comum

A conversão e a salvação andam juntas

     Estamos nos aproximando da grande solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual bem podemos denominar como a festa da salvação. Nela é possível tocar pela fé o fruto do ventre de Maria, Jesus, o Emanuel, Deus conosco, nossa salvação. Desde o seu natal, sua encarnação, o viver e o fazer de Jesus é para nós pecadores um convite à conversão e uma oferta de salvação.

    Cristo veio a este mundo para glorificar o Pai realizando a salvação dos homens. Como o autor das carta aos Hebreus coloca nos lábios de Cristo: “Eu vim ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10, 7). Ao que o Evangelho segundo São João completa: “E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nada do que ele me deu, mas o ressuscite no último dia” (Jo 6, 39). Ou seja, a vontade de Deus é a nossa salvação.

    Foi para nos salvar que o Pai enviou o seu Filho ao mundo. Foi para nos salvar que Nosso Senhor Jesus Cristo se ofereceu na Cruz em sacrifício, como oferenda agradável. Ninguém, mais do que Deus quer tanto a nossa salvação. Para tal continua a nos oferecer os tesouras da graça, através dos sacramentos e da Palavra.

    Se a salvação dos homens e de todos os homens é a vontade de Deus, torna-se terrível a obstinação no pecado, numa vida sem Deus, mundana e regada ao sabor dos vícios, dos prazeres, do ódio, da murmuração e do ressentimento. Este tipo de postura é um percurso de não salvação. E não são poucos os que o tem percorrido. É um itinerário de não salvação porque despreza a misericórdia de Deus que  nos quer livres das amarras mortais do pecado, da descrença, da falta de sentido, do vício, da indiferença.

    A oferta de salvação que Nosso Senhor Jesus Cristo veio trazer ao mundo vem acompanhada do chamado à conversão. Esta é a resposta do homem pecador à oferta de salvação da parte de Deus. À Nosso Senhor coube realizar a obra da salvação, da redenção, à nós pecadores, cabe acolher a graça da conversão.

    Quem não se abre à graça da conversão mata para si mesmo a esperança de salvação. Esperança de salvação sem desejo e sem empenho sincero de conversão é falsa. Se porventura alguém alimenta uma fé superficial que se limita à busca de soluções para suas dificuldades imediatas: desemprego, enfermidade, preocupações, perseguições, incompreensões, fracassos, tribulação, perdas, pobreza está enganando a si mesmo. Porque tais males são consequências de um único mal o pecado, do qual precisamos ser libertos.

    É certo que Deus, na sua providência, se ocupa do estado de penúria que nos aflige, tanto que Jesus ao encarnar-se assumiu a nossa condição humana, em tudo igual a nós, exceto no pecado (cf. Hb 4, 15). Mas vem nos lembrar que tudo isso é consequência do pecado, do qual precisamos ser salvos. E a salvação acontece quando permitimos Cristo entrar na nossa vida e modifica-la segundo a sua vontade.

    Onde Jesus entra e faz morada a realidade não é mais a mesma. Vejamos o testemunho luminoso da visita de Maria a Izabel, a transformação que a sua simples presença e a de Jesus que está no seu ventre produz: Izabel fica cheia do Espírito Santo e João Batista, no seu ventre pulou de alegria. Que nossa relação com Cristo não seja apenas superficial, por obrigação, interesseira, momentânea, mas seja a de quem O acolhe no coração para viver uma autêntica experiência de conversão e de salvação.

 

Pe. Hélio Cordeiro

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