No dia 10 de fevereiro de 2025, tivemos a alegria de receber em nossa casa de formação, os nossos irmãos seminaristas do ano propedêutico, do seminário arquidiocesano SÃO JOSÉ. O padre Osmar Panis, atual reitor do seminário, também nos prestigiou com sua presença.

O Ano Propedêutico é uma etapa inicial e fundamental na formação dos candidatos ao sacerdócio. Instituído como uma resposta às necessidades contemporâneas da Igreja, ele visa proporcionar uma preparação humana, espiritual, intelectual e comunitária antes do ingresso no Seminário Maior. Esse período é recomendado pelo Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, documento da Santa Sé que estabelece as diretrizes universais para a formação dos futuros sacerdotes.

O Ratio Fundamentalis (2016), no n. 59, descreve o Ano Propedêutico como um tempo “para discernir e amadurecer a vocação”, permitindo que os candidatos adquiram uma base sólida antes de iniciar os estudos filosóficos e teológicos. Essa etapa foi enfatizada pelo Concílio Vaticano II e reforçada por São João Paulo II na Pastores Dabo Vobis (1992), que destaca a importância de uma formação integral desde o início do caminho vocacional.

O Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros também sublinha a necessidade de um processo gradual de formação, no qual o Ano Propedêutico atua como uma fase de purificação e aprofundamento da vida cristã e vocacional.

 O propedêutico é uma etapa formativa indispensável, com uma especificidade própria. O objetivo principal consiste em assentar sólidas bases para a vida espiritual e favorecer um maior conhecimento de si para o crescimento pessoal. Este é um tempo propício para um conhecimento inicial e sumário da doutrina cristã, através do estudo do Catecismo da Igreja Católica, e para o desenvolvimento da dinâmica do dom de si na experiência paroquial e caritativa. (Ratio, 2016, n. 59).

 A etapa propedêutica busca também trabalhar as quatro dimensões no que tange a formação integral do homem, a saber: a dimensão humana - a qual o seminarista deve crescer no autoconhecimento, na maturidade afetiva e na capacidade de se relacionar com os outros, conforme o modelo de Cristo, o Bom Pastor. A dimensão espiritual – que fortalece a vida de oração, com momentos intensos de meditação, adoração e vivência sacramental. A leitura orante da Bíblia (Lectio Divina) e os retiros espirituais são centrais. A dimensão intelectual – que oferece estudos introdutórios à Filosofia, Teologia, Catequese e Doutrina Social da Igreja, ajudando os candidatos a compreenderem melhor a fé que desejam abraçar e, por último, a dimensão comunitária e pastoral – a qual o seminarista aprende a viver em fraternidade, exercitando a caridade e participando de experiências pastorais que o aproximam da realidade do povo de Deus.

Muitos candidatos chegam ao seminário sem uma base espiritual consolidada ou com dificuldades emocionais que podem comprometer sua perseverança. O Ano Propedêutico surge, nesse sentido, como um tempo de discernimento autêntico. Esse período também ajuda a Igreja a evitar formações apressadas ou superficiais, garantindo que apenas aqueles verdadeiramente chamados prossigam para as próximas etapas. Como ensina o Documento de Aparecida (2007, n. 316), é essencial que os futuros sacerdotes sejam “discípulos apaixonados por Cristo”, e o Ano Propedêutico é o primeiro passo nessa caminhada.

O ano propedêutico, portanto, é um tempo de graça e amadurecimento, essencial para a formação sacerdotal. Enraizado nos ensinamentos da Igreja, ele visa fortalecer a vocação dos candidatos, garantindo que ingressem no Seminário Maior com um coração verdadeiramente disposto a seguir Cristo no serviço ao povo de Deus.

Autor: Luiz Felipe Muniz dos Santos Salazar, seminarista da arquidiocese de Brasília, 1° ano da configuração, coordenador da pastoral vocacional.