Os principais meios de comunicação social aparentemente só conseguem vender notícias ruins, de modo que nos acostumamos a achar que o mundo vai mal e, não obstante as nossas orações, só tende a piorar. Porém, o fato é que vida está repleta de experiências universais que mereceriam ser compartilhadas nesses meios, como a bondade de alguém que encontramos no ônibus, a generosidade de quem partilha o lanche no trabalho ou a delicadeza de quem percebe que estamos tristes. O problema é que convencionou-se a acreditar que esse tipo de notícia – as boas notícias – não interessam e, portanto, não vendem.
Acredito que as redes sociais, quando usadas para o bem têm o incrível poder de mudar esse círculo vicioso de notícias ruins. Como portadores da Boa-Nova, nós cristãos podemos assumir o controle da Central de Notícias ao passarmos a noticiar por meio de “tweets”, “posts”, e “clicks” uma onda de manchetes do bem. Assuntos como política, economia, esporte, moda, podem até fazer sucesso durante um tempo, mas um testemunho bem contado é capaz de atravessar gerações sem perder seu frescor de lançamento.
Se por um lado é verdade que muitos cristãos já aceitaram o desafio de adentrar nesses “Novos Areópagos”, por outro, acredito que precisamos ir além das simples reprodução de trechos bíblicos e frases de santos. Trata-se, creio eu, de atualizar essas mensagens no palco da minha própria vida, comentando aos meus amigos e seguidores virtuais de que modo tal passagem me toca de modo particular.
Além de vender boas notícias, as redes sociais são ainda meios para o encontro com o outro. Em tempos de Facebook, Twitter, Whatsapp e Instagram, já não se pode conceber a ideia de que determinado amigo tenha sumido da nossa vida nos tempos de escola e “milagrosamente” aparecido dez anos depois. As redes sociais fortalecem laços uma vez atados e proporciona que novos laços sejam feitos pela tela de um dispositivo eletrônico qualquer.
Sabemos que a relações nem sempre são profundas. Essa é a característica fundamental de uma ferramenta que de modo algum substitui as relações pessoais. As redes sociais servem como um degrau, mas não podemos ficar na base na escada dos relacionamentos. Esta escada tem por vocação própria nos levar para o alto, para além das relações de cortesia ou de educação. Se cada degrau serve para conhecermos mais o outro, assumimos que no topo e no fim da escada está sempre Deus.
A sensação é a de que já não há mais solidão: todos estão conectados e juntos para compartilhar momentos de tristeza ou alegria. O problema é quando essa onipresença virtual acaba escondendo a presença das pessoas que estão ao nosso lado. Pior ainda: quando nos faz esquecer da presença de Deus na nossa vida. Esse é o paradoxo dos novos meios de comunicação: aproximam-nos de quem está distante e, por efeito quase imperceptível, distancia-nos de quem está mais perto. Perguntas nesse sentido surgem a todo instante: como dividir a atenção entre amigos virtuais e pessoais? Como estar conectado sem desconectar-me do mundo ao meu redor? É possível viciar-se nas redes sociais?
Perguntas como essa servem para percebermos que o essencial nas redes sociais está sendo esquecido: não existe um mundo virtual! O que chamamos de mundo virtual é o mesmo mundo real que leva nossos problemas, fadigas, estresses, pessoas chatas e pessoas legais. O problema é que quem abandona a “realidade” para embarcar numa viagem por um mundo virtual imaginário engana-se desde o princípio. Podemos até maquiar tudo do que tentamos fugir por um tempo, mas basta uma gota de água para a tinta escorrer e mostrar para mim mesmo e para o resto desse “mundo” quem sou de verdade.
A dica que dou para quem quer estar nas redes sociais sem deixar de viver uma vida boa e feliz é buscar encarar as redes sociais pelo que elas realmente são: simples ferramenta na mãos de homens e mulheres. Além do mais, outra dica importantíssima é encarar a realidade de si mesmo de frente, sem querer se esconder no tapete da internet o que você pode e deve levar para Deus na oração. Por fim, dicas podem até servir de norte, mas nas redes sociais, como na vida, o mais importante é saber aonde se quer chegar.
por Seminarista Vinícius Farias