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22 de Julho de 2021

Homilia: 15º Domingo do Tempo Comum

“Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois...” (Mc 6, 7)

     Em cada tempo e lugar Deus suscita seus profetas para que possam anunciar a sua misericórdia e denunciar os erros, pecados e injustiças. A profecia somente é completa e autêntica se contém os seguintes elementos: um profeta que tenha sido suscitado por Deus, que anuncia a misericórdia divina, que denúncia os erros, pecados e injustiças, chamando os homens ao arrependimento e à conversão.

    Assim vemos Deus que chama o profeta Amós, um pastor-camponês: “Vai profetizar para Israel, meu povo” (Am 7, 15). Dar um profeta ao seu povo é, de antemão, um cuidado de Deus para com o mesmo, afim de que ele não se perca, não pereça. Mas a missão do profeta diante do seu povo não é isenta de perigos, sobretudo quando sua missão exige a denúncia dos pecados e abusos dos poderosos.

    Estes normalmente respondem com violência quando seus pecados são denunciados. Nem mesmo o Senhor foi poupado da ira dos poderosos. Porque a maioria dos poderosos deste mundo, salvo raras exceções, não querem abrir-se à graça do arrependimento. Mas há também muitos que não são poderosos, que também não aceitam que seus pecados sejam denunciados e que também não querem se abrir à graça da conversão.

    Nós também não somos diferentes, nem sempre gostamos que nossos erros e pecados sejam confrontados. A liturgia de hoje é um convite para mudarmos de atitude, substituindo a obstinação no mal e na violência contra quem denúncia os nossos pecados pela disposição interior ao arrependimento e à conversão.

    Os profetas denunciam os pecados, erros e injustiças não para esmagar o homem pecador, antes para chama-los à conversão, para que possam conhecer a misericórdia de Deus, conhecendo a luz da verdade, afim de que retomem o bom caminho. Deus não quer nos esmagar quando nos faz conhecer os nossos pecados, quando nos envia profetas para denunciar os nossos erros e injustiças, Ele quer a nossa correção, a nossa conversão, nossa libertação, nossa vida, nossa salvação. Uma vez que o pecado é morte, é escravidão

    É nesta lógica que Jesus também chama, envia e dá poder sobre os espíritos impuros aos seus Doze apóstolos: “Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem” (Mc 6, 12). Além de expulsar demônios e curar os doentes. A missão da Igreja no mundo passa por continuar o profetismo do anúncio da misericórdia divina, da denúncia das injustiças e pecados, do cuidado com os doentes e os mais fragilizados, do libertar os homens do domínio dos espíritos impuros.

    Por fim, é preciso ressaltar que, sem humildade para permitir-se ser corrigido, a conversão não acontece. Quando a luz da verdade, anunciada pela Igreja, adentra os espaços da nossa vida nos permitido reconhecer nossos erros, pecados, injustiças, inconsistências, a graça da conversão e da reconciliação acontece. Mas se, pelo contrário, nos levantamos com fúria contra esta luz, como é comum acontecer, terminamos dominados pelo mal, quando não nos tornamos perseguidores da causa de Deus. Como é possível constatar em tantos ambientes da sociedade secularizada, que procura por todos os meios possíveis eliminar o direito de cidadania e de pregação por parte do cristianismo. Também hoje, como noutras épocas, a pregação do evangelho encontra resistência, perseguição e indiferença. Não foi por acaso que o Senhor advertiu os seus apóstolos ao enviá-los: “Se em algum lugar não vos receberem nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” (Mc 6, 11).

 

Pe. Hélio Cordeiro

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