“Eu sou o pão da vida...” (Jo 6, 34)
Entre as necessidades mais básicas do ser humano está a nutrição, tanto que quando alguém perde a vontade de alimentar-se é sinal grave de alguma enfermidade. Ou quando fazemos a experiência do jejum, como isso nos custa, o que comprova que precisamos de pão para não desfalecer ao longo do caminho. Mas há no ser humano uma outra realidade que também precisa ser nutrida, não pelo pão material, a sua vida espiritual, cujo alimento é a graça de Deus.
Também se deixar de alimentar a sua vida espiritual o homem adoece espiritualmente. Talvez esta seja uma das doenças mais graves do nosso tempo – a doença do espírito – ocasionado pela escassez de oração, de conversão, dos sacramentos, de formação cristã; e agravada pelo excesso de alimento contaminado: vícios, músicas mundanas e eróticas, erotismo, pornografia, indiferentismo religioso, depravação moral, consumismo, e tantos outros venenos que tem matado a alma humana.
De modo que é grande a fome de Deus em nosso tempo. Jesus é o pão do céu, o pão da Igreja, o pão dos crentes, o pão dos homens. Como Ele mesmo nos diz: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6, 34). Ou ainda, o que encontramos no livro do Êxodo: “Eis que farei chover para vós o pão do céu” (16, 4). Precisamos redescobrir o valor deste pão em nossa vida. Pão que tantas vezes pisoteamos com o pecado, com o desprezo, com a falta de fé, participando de qualquer jeito da Santa Missa ou sequer dando lhe o devido valor.
Quantos que abandonam o Pão da Eucaristia dominical pelas mesas do pecado. Quanto mais as pessoas se afastam da Eucaristia, mas paganizam as suas vidas, suas famílias, mais adoecem as suas almas. O pão da Eucaristia é o divisor de água entre o estilo de vida cristã e o estilo de vida pagão. Lá onde há uma vida cristã autêntica a eucaristia, a missa dominical ocupa o centro, enquanto que onde prevalece o paganismo a vida gira entorno de outras mesas.
Os cristãos, no domingo, deveriam encher as igrejas, os santuários, os lugares de oração, enquanto os pagãos lotam os shows, os estádios, os shoppings, os estádios, os motéis, os prostíbulos, as casas de jogatina, os pontos de comercialização de drogas. Assim, oportunamente, São Paulo nos adverte: “não continueis a viver como vivem os pagãos, cuja inteligência os leva para o nada” (Ef 4, 17).
Não podemos carregar o nome de cristãos e continuar levando um estilo de vida pagão, no qual Jesus Cristo não é o centro. Os pagãos se alimentam dos vícios, dos prazeres mundanos; os cristãos se alimentam de Jesus Cristo, da sua Palavra, dos seus sacramentos.
Os pagãos seguem as modas, as novidades, o que é agradável; os cristãos seguem o seu Senhor, o que é bom. Os pagãos procuram servir ao mundo e à carne; os cristãos procuram viver segundo o Espírito, procuram agradar a Deus. Os pagãos fazem suas próprias vontades, seus próprios caprichos; os cristãos procuram fazer a vontade de Deus. Os pagãos procuram curtir a vida; os cristãos procuram a salvação.
O que define quem somos, se cristãos ou pagãos, não é o que dizemos ser, mas como vivemos. Não basta dizer sou cristão, ou mesmo ter sido batizado, se continuardes a viver como pagão. Nosso Senhor não espera que sejamos seus discípulos da boca para fora, Ele quer que o sejamos de fato, que possamos viver o profetismo do batismo, testemunhando o Senhor onde quer que estejamos.
Que possamos dizer como as multidões: “Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6, 34), porque sem a Eucaristia não subsistimos espiritualmente por muito tempo. Sem o alimento que nos vem do céu, a vida se paganiza. A vida cristã nos leva a Deus, enquanto a vida pagã conduz ao nada. O que queremos? Ou nos alimentamos de Cristo e temos Deus, ou seguimos os ditames mundanos e nos tornamos nada. Aqui lembro o Cardeal Sarah: “Ou Deus ou nada”, pois fora Dele, nada subsiste.
Pe. Hélio Cordeiro