Formação

04 de Setembro de 2021

Homilia: 23º Domingo do Tempo Comum

Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar” (Mc 7, 37)

     A vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é missão, uma missão que realizou em nosso favor dois grandes bens que, por nós mesmos, jamais poderíamos obter: a redenção e a filiação. Todos nós precisávamos ser redimidos, porque todos somos pecadores, isto o Senhor nos concedeu com o seu sacrifício na cruz, reconciliando-nos com o Pai. Por natureza somente Jesus Cristo é o Filho de Deus, mas Ele ao nos comunicar a sua graça, pelo batismo, nos concedeu ser filhos adotivos. Portanto, herdeiros do céu.

    Esta graça da redenção e da filiação é universal, ou seja, está destinada a todos os homens, de todos os povos, raças e línguas. Embora haja muitos que a rejeitem. Porém, o Senhor, tudo o que fez e ensinou foi em vista de abrir os ouvidos para que compreendam sua palavra de salvação. Foi em vista de abrir os ouvidos aos surdos e soltar a línguas dos mudos que o Senhor veio a este mundo.

    Tudo o que Jesus fez e ensinou foi em vista do bem do ser humano: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar” (Mc 7, 37). Neste seu fazer o bem Jesus não despreza ninguém, como O vemos abrir os ouvidos e soltar a língua de um pagão desconhecido, que chegou até Ele ajudado pelos outros. Esta é uma missão de todos os cristãos, levar os outros a Cristo com o testemunho. E levar os Cristo aos outros pela palavra, pelo anúncio.

    Para Jesus ninguém é estranho ou desconhecido, todos podem ter acesso a Ele pela fé. Num primeiro momento, à exemplo do surdo mudo do evangelho, foram outros que nos levaram à Jesus, nossos pais, nossos padrinhos no dia do batismo; algum amigo, que com seu testemunho nos ajudou a aproximar de Deus; o padre que nos dá acesso ao evangelho e aos sacramentos. Mas assim como outros tiveram a coragem de nos levar a Cristo, temos que fazer o mesmo aos nossos irmãos.

    Longe de Nosso Senhor Jesus Cristo não podemos ter acesso à palavra que nos salva e liberta. Sem a escuta da Palavra não podemos nos abrir à graça da fé. Por isso, quando Jesus abriu os ouvidos a este surdo desconhecido, lhes abriu o caminho da fé. Quando Jesus lhes soltou a língua lhes concedeu a responsabilidade de ser sua testemunha.

    É assim que o reino de Deus se expande, quando todos aqueles que foram tocados pela Palavra da vida, que receberam todo bem de Jesus, tornam-se discípulos e ao mesmo tempo testemunhas. Um dia o Senhor também nos abriu os ouvidos, quando fomos batizados, quando o sacerdote rezou sobre nós o Éfeta: “O Senhor Jesus, que fez os surdos ouvir e os mudos falar, lhe conceda que possa logo ouvir sua Palavra e professar a fé para louvor e glória de Deus Pai” (Ritual de batismo). A fé é para ser professada, seja com a vida, seja com as palavras, à exemplo do suro mudo, que mesmo diante da repreensão, para não divulgar o fato do seu milagre “quanto mais o proibia, tanto mais eles o proclamavam” (Mc 7, 37).

    Um dia o Senhor também nos abriu os ouvidos para acolher a sua Palavra de salvação; um dia Ele também soltou a nossa língua para que pudéssemos professar a fé e para dar louvor e glorificar a Deus. Não podemos, pois, permitir que o mundo nos arraste de novo para a surdez diante de Deus que nos fala, nem para a mudez que nos impende de louvar, glorificar e testemunhar as maravilhas de Deus. A Palavra ouvida precisa ser testemunhada.

 

Pe. Hélio Cordeiro

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