Formação

12 de Setembro de 2021

Homilia: 24º Domingo do Tempo Comum

O Messias, o ungido, somente pode vir de Deus, é Deus

    Seguir a Nosso Senhor Jesus Cristo é a decisão de fé mais importante da nossa vida, porque é a decisão que nos salva de uma existência vazia e sem sentido. Porém, a nossa fé em Jesus Cristo precisa ser continuamente purificada, porque estamos sujeitos a desvios, temos dificuldade de compreender e de aceitar os mistérios de Deus.

    Uma das tentações mais presentes, no que diz respeito à fé, é a de construir uma imagem de Jesus Cristo à partir daquilo que achamos, que pensamos, que compreendemos ou que queremos. Mas o que pensamos ou dizemos sobre Nosso Senhor Jesus Cristo, não Ele, pode até dizer alguma coisa sobre Ele, mas não é o Senhor.

    À exemplo das opiniões dos discípulos acerca de Jesus, “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outras, ainda, que és um dos profetas” (Mc 8, 28). Certo que estas opiniões dizem alguma coisa sobre quem é Jesus, mas não são capazes de dar a conhecer o mistério do Deus e homem verdadeiro. São opiniões que se limitam a tocar o seu aspecto humano, sem sequer vislumbrar a dimensão da sua divindade.

    Mais adiante temos a resposta exclusiva de Pedro: “Tu és o Messias” (Mc 8, 29). Pedro nos diz quem é o Senhor partindo daquilo que lhe foi revelado interiormente pelo Espírito Santo. O Messias, o ungido, somente pode vir de Deus, é Deus. Com seu ensinamento Jesus completa a profissão de fé de Pedro revelando o rosto de um Messias sofredor, que haveria de sofrer a paixão e ressuscitar ao terceiro dia.

    Sem abraçar na fé o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor não há como fazer-se seu discípulo. Na profissão de fé de Pedro e na exposição da proximidade da sua paixão compreendemos que Nosso Senhor Jesus Cristo não é aquilo que falamos que Ele seja. O Senhor é Aquele que Ele próprio nos diz ser. Assim, só podemos conhecer o Senhor, porque Ele mesmo nos dá a conhecer quem é Ele.

    Uma vez que Cristo se deu a conhecer, podemos segui-Lo. Mas para tal se requer uma mudança de mentalidade, porque nem sempre pensamos como Deus quer, como podemos constatar na repreensão do Senhor a Pedro: “Tu não pensas como Deus, e sim como os homens” (Mc 8, 27 -35). Pensar como pensam os homens significa querer um Cristo apenas glorioso, significa não aceitar o mistério da sua paixão, da sua cruz, da sua morte.

    Esta forma de pensar esconde a incapacidade para renunciar às nossas próprias vontades. Não podemos esquecer que quem quiser um Cristo segundo à sua medida nunca será discípulo. Nós é que temos ajustar nossa vida, nosso coração, nossa mente à medida Dele.

    Crer em Nosso Senhor Jesus Cristo, tornar-se seu discípulo requer um duplo comprometimento – com Ele e com o próximo. Porque a fé em Jesus Cristo nos impulsiona a agir pela caridade. Por isso, não é possível fazer uma opção entre a fé e a caridade, entre Cristo e o próximo. Só há verdadeira fé em Cristo se esta nos move a agir pela caridade, procurando vestir quem está nu, dar comida a quem tem fome, visitar os prisioneiros e enfermos, dar hospitalidade àqueles que não tem abrigo.

    Por falar nisso, nestes últimos dias tem se falado muito que o Brasil é a pátria do evangelho, mas isso somente será verdade se os pequenos e pobres forem objeto do nosso interesse. Uma vez que, naqueles que sofrem, Cristo continua sendo crucificado. De modo que, quem socorre os crucificados pelas misérias materiais, morais, espirituais, culturais socorrem a Cristo. Neste sentido, a pátria do evangelho requer que seja também “A terra da Santa Cruz”, porque a cruz é o evangelho encarnado, que nos recorda sempre, que onde há fé autêntica os crucificados precisam ser amados e socorridos.

    Somente lá onde se procura viver uma fé que nos move de compaixão pelos pequenos e pelos que sofrem, que se opõem às injustiças sociais, que se opõe a violência, que se opõe ao mundanismo e ao pecado, é que pode haver uma pátria do evangelho, uma Terra da Santa Cruz. Senão, não passaremos de uma pátria que fala do evangelho. Recordemos a advertência da Palavra de Deus: “Assim também a fé, se não se traduz em obras, por si só está morta” (Tg 2, 17). Bem como, algumas ideias sobre Nosso Senhor Jesus Cristo não é Ele, Ele é o Crucificado, o Ressuscitado e vive entre nós. Logo a fé não é um discurso é adesão a Ele, é viver o que Ele quer que vivamos.

 

Pe. Hélio Cordeiro

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